Em janeiro de 2020 o Brasil completou um ano do novo governo e, diferente das últimas gestões, Jair Bolsonaro trouxe para a discussão pautas com ideologias menos populistas e mais pró-mercado. Com a nomeação de alguns bons Ministros, permitiu surgir um governo com ideias e políticas pautadas nas reformas fiscais, tributárias e administrativas.

A aprovação da Reforma da Previdência, até então considerada fundamental para contenção dos gastos públicos e retomada do crescimento econômico sustentável, aconteceu em outubro de 2019. Essa sinalização positiva ajudou na retomada da confiança de investidores externos e internos, se tornando um marco deste novo Governo ainda no primeiro ano de gestão.

Em relação ao PIB, o Banco Central revisou a projeção para o crescimento em 2020 de 1,8% para 2,3%, também em consequência ao cenário de continuidade das reformas e ajustes na economia brasileira.

Fonte: IBGE, Bacen e Relatório Focus

Outros movimentos ascendentes também foram refletidos na Ibovespa ainda no segundo semestre de 2019, com a bolsa chegando à 116.000 pontos no final do ano de 2019. Junto a isso, a SELIC foi, na última reunião do COPOM (05/02/2020), reduzida a 4,25%, o que representa a sua menor taxa histórica desde o início do Plano Real.

Fonte: IBGE, Bacen e Relatório Focus

Como reflexo dessa redução, o investidor brasileiro é motivado cada vez mais a deixar seu status de rentista (investidores com perfil mais conservador, que investem em títulos do tesouro, fundos de investimentos atrelados à taxa de juros, CDB’s etc.), e se tornar empreendedor. Com os Ativos lastreados à SELIC e Inflação perdendo atratividade – taxa de juros real da economia brasileira em patamares inferiores a 1% a.a. – os investidores passam a rentabilizar seu capital em Ativos mais arriscados. Consequentemente, debêntures, fundos de multimercado e ações ganham espaço dentre as alternativas, impulsionados pelo crescimento exponencial de escritórios e plataformas de assessoria de investimentos.

Taxa de Juros Real Brasileira (Selic / IPCA)

Fonte: XP

Esse movimento ajuda a fomentar a economia real, facilitando a alavancagem financeira das empresas através de financiamentos com juros mais atrativos e emissão de debêntures. Esse acesso ao capital garante às empresas novas possibilidades de crescimento de forma Orgânica (contratações, compra de máquinas, novas linhas de produção etc.) e Inorgânica, através de fusões e aquisições (M&A). Ainda, com a Taxa Selic no patamar de 4,25% a.a., as empresas brasileiras podem enfim considerar operações via Alavancagem Financeira, como apresentado no artigo sobre LBO elaborado pela FC Partners.

O reflexo direto deste movimento pode ser visto no novo relatório de Fusões e Aquisições (M&A) da PwC. O ano de 2019 teve 912 transações, 39% acima do volume de transações de 2018 (658). O último mês de 2019 foi destaque no levantamento, com 114 transações, uma alta de 97% em relação ao mesmo período de 2018. Esse número reforça a tese de que 2020 será um ano ainda melhor para as Fusões e Aquisições.

Alguns Bancos de Investimento projetam que o volume de ofertas de ações para 2020 chegue a R$ 120 bilhões, entre 20 e 30 operações, somando as aberturas de capital (IPO) e as ofertas subsequentes (follow ons). Se esse volume for alcançado, será o novo recorde para o mercado de renda variável no Brasil.

Uma pauta importante que ajudou a impulsionar o ânimo dos investidores em relação ao M&A em 2019, segundo a PwC, foi a Reforma da Previdência. Adicionalmente, as expectativas da Reforma Administrativa, que terão impacto direto nas contas da União, juntamente à MP da Liberdade Econômica e às esperadas privatizações, influenciarão positivamente o apetite das empresas que estão expandido suas atividades de forma Inorgânica.

Fonte: PwC

Espera-se que o próximo biênio seja promissor para o Mercado de Capitais e de Fusões e Aquisições (M&A) no Brasil. A revisão da perspectiva do rating brasileiro de estável para positiva e a possível mudança no rating para os próximos dois anos servem como um sinal afirmativo aos investidores estrangeiros. Por conseguinte, existem ainda muitas incertezas quanto à consolidação das reformas e privatizações. Entretanto, temos razões suficientes para acreditarmos que os próximos anos serão de novos recordes.

ARTIGO ESCRITO POR HENRIQUE PORTO – SÓCIO DA FC PARTNERS

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