O ano de 2019 foi marcado pelo início da gestão Jair Bolsonaro, junto às expectativas e dúvidas que o cercavam. Durante todo processo eleitoral, a maior parte das pesquisas apontavam que Bolsonaro, caso chegasse ao segundo turno, seria derrotado por qualquer outro adversário. Um Militar da Reserva, com carreira parlamentar marcada por polêmicas, surgiu como outsider e em um partido com pouca representatividade no Congresso até então. Bolsonaro foi eleito, venceu o candidato de Lula no segundo turno e se tornou o 38º Presidente do Brasil.

Além de Bolsonaro, as atenções dividiam-se também entre dois importantes nomes: Paulo Guedes e Sérgio Moro. O primeiro, PhD da Escola de Chicago e antigo conhecido do Mercado Financeiro, um dos fundadores do Banco Pactual, Faculdade Ibmec e Bozano Investimentos, foi nomeado para ocupar a cadeira de Ministro da Economia. Guedes indicou para seu time nomes técnicos como Salim Mattar, fundador da Localiza, que ficou responsável por liderar a Secretaria de Desestatização do novo Governo. O segundo, Sérgio Moro, um dos líderes da maior operação anticorrupção da história do Brasil, foi o convocado para liderar o Ministério da Justiça.

A grande expectativa estava em torno da Reforma da Previdência, uma vez que os gastos previdenciários representam mais 50% das despesas da União e, segundo estudos da relatoria do processo na Câmara, poderiam chegar à 82% em 2024 caso nada fosse feito. Ainda no primeiro trimestre de 2019, Bolsonaro entregou a PEC da Previdência na Câmara dos Deputados. Em outubro, o texto foi aprovado em segundo turno pelo plenário do Senado e agora segue para promulgação na Câmara. Com a reforma, o Governo espera economizar até R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos. Outras reformas, como a Administrativa e a do Judiciário, estão na pauta para 2020/21.

Avanços como este na área econômica foram refletidos nos principais índices do Mercado Financeiro. No dia 19 de junho, o índice Bovespa rompeu a barreira dos 100 mil pontos e encerrou o dia cotado à 100.303, recorde de fechamento até então. Com os dados atualizados até 16 de dezembro, o índice acumulava alta de 23% em 2019.

Fonte: B3

Algumas crises políticas no Governo relacionadas à troca de ministérios e discussões internas no partido do Presidente, somadas ao ambiente político externo desfavorável, com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, a crise democrática na Bolívia e a eleição de um Governo de esquerda na Argentina foram responsáveis pelo ambiente de maior volatilidade no mercado interno. Como resultado, o dólar atingiu máximas históricas de fechamento, chegando a ser cotado a R$ 4,25 – desvalorização também impulsionada pelas baixas taxas de juros. Em sua última reunião do COPOM, o Banco Central cortou em 50bps a Selic, que hoje está em 4,5% a.a., menor patamar desde 1997.

Fonte: Anbima

O cenário para 2020 é positivo, apesar do crescimento projetado do PIB ser inferior ao observado nos últimos ciclos de alta da economia, trata-se de um crescimento saudável do ponto de vista fiscal, pautado em austeridade e puxado por investimentos do setor privado.

Observando os dados da CNI e comparando o nível de utilização da capacidade instalada da indústria durante o último ciclo de alta na economia do Brasil, é possível observar que há espaço para voltarmos a crescer e produzir sem gerar pressões inflacionárias, garantindo a manutenção dos juros reais nos baixos níveis atuais. Em relação ao Dólar, a expectativa do mercado é que se mantenha acima dos R$ 4,00. Incertezas sobre o cenário externo e os juros baixos são os principais fatores que sustentam o preço da moeda neste patamar.

Fonte: CNI, Projeções FCP

Fonte: IBGE, Bacen e Relatório Focus

Do lado das Fusões e Aquisições (M&A), de acordo com dados da PwC, até agosto de 2019 foram divulgadas 530 transações, volume 29% superior ao mesmo período de 2018. O setor de TI liderou o número de transações, contabilizando 154 no total, seguido pelos setores de Serviços Públicos, Serviços Auxiliares, Financeiros e Varejo, que contabilizaram 50, 44, 43 e 29 transações, respectivamente.

Fonte: PwC

Para 2020, o cenário para o mercado de M&A também é positivo, na medida em que as reformas destravem o ambiente de negócios e façam com que, tanto investidores locais como estrangeiros, aumentem o nível de confiança em relação ao Brasil e decidam realizar investimentos através da aquisição de empresas. Os juros baixos ajudam a catalisar este mercado, uma vez que facilitam as condições de financiamento destas operações. Além disto, o dólar nos níveis atuais a projetados para o mercado no próximo ano também entram para somar, uma vez que parte dos recursos destas operações vêm de outros países.

A retomada, feita de maneira responsável, é lenta. Existe ainda um extenso pipeline de reformas e privatizações, mas tudo leva a crer que iremos iniciar em 2020 um novo ciclo de alta da economia. É consenso entre os economistas que o “fundo do poço” já foi alcançado e que, tudo mais constante, existem várias razões para sermos otimistas em relação aos próximos anos.

ARTIGO ESCRITO POR THOMAZ FONSECA – ASSOCIATE DA FC PARTNERS

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