Apesar da recente instabilidade política e econômica, o Brasil tem se tornado, cada vez mais, alvo dos interesses de investidores locais e estrangeiros quando o assunto são Fusões e Aquisições (M&A).

Reflexo da Crise Global de 2008, assim como do conturbado segundo mandato do governo Dilma Roussef, o mercado de M&A no Brasil, entre os anos de 2007 e 2016, cresceu apenas 5%. Já em 2017, ano seguinte ao impeachment, o número de transações atingiu recorde de 830 negócios, segundo a KPMG. Em 2018, com 967 transações concretizadas, o mercado de M&A atingiu novo recorde histórico, crescimento de 16,5% em comparação a 2017. Foi o segundo ano consecutivo de crescimento.

Apesar dos difíceis últimos anos para a economia no Brasil, o que tem mantido este mercado aquecido é uma perspectiva positiva em relação à habilidade do Governo Bolsonaro na aprovação de reformar estruturais, como a da Previdência. Este cenário tem criado uma conjuntura mais favorável para os negócios, com juros menores, melhor perspectiva de crescimento e inflação controlada.

Ganhar Market-share explorando novas regiões e perfis de clientes, consolidar um mercado e adquirir novas tecnologias são alguns dos motivadores por trás da decisão de uma companhia optar pela estratégia de crescimento inorgânico e alocar recursos na aquisição de outros players. Dentre os principais motivadores, destacam-se os relacionados abaixo:

  • Expansão Geográfica: dentro da estratégia de Expansão Geográfica, empresas investem na aquisição de ativos que já possuem atuação em determinado mercado, com carteira de clientes e produto desenvolvidos. Como exemplo, pode-se citar a aquisição do Number One pela holding Wiser Educação. A Wiser, com o objetivo de expandir suas operações no estado de Minas Gerais e aumentar seu nível de penetração entre o público jovem, investiu na aquisição da Companhia.
  • Integração Vertical: no caso da Integração Vertical, o principal motivador é a consolidação da cadeia de suprimentos. Ocorre geralmente entre empresas que atuam no mesmo setor, porém em etapas diferentes da cadeia produtiva. Ao adquirir um fornecedor estratégico, a companhia adquirente elimina a margem de lucro da antiga contraparte e garante o acesso à matéria prima, por um preço menor, em uma cadeia integrada e mais eficiente. Motivada por esses fatores, em 2008 a Fiat adquiriu a fábrica de motores Tritec Motors, no Paraná.
  • Consolidação: a estratégia de consolidação é muito utilizada por fundos de Private Equity. De forma sucinta, consiste na aquisição de players que atuam em mercados pulverizados e pouco profissionalizados, com o objetivo de gerar economia de escala através de ganhos de sinergia. Como exemplo deste modelo podemos citar a atuação do Pátria Investimentos através do Grupo Opty. Fundado em 2016 a partir da união do fundo e de alguns médicos oftalmologistas, o Grupo tem atuado na consolidação de clínicas e hospitais oftalmológicos e atualmente é o maior Grupo de Oftalmologia da América Latina.
  • Aquisição de Tecnologia: um dos principais fatores que motivam um negócio é a maneira como o produto desenvolvido pela adquirida se complementa com a atividade da adquirente e a forma como isto cria sinergias para o negócio. Como exemplo, podemos citar a aquisição da ADSPrev pela Sinqia, empresa focada em desenvolvimento de software para o Mercado Financeiro. A ADSPrev, que possui mais de 30 anos de mercado, é uma desenvolvedora de soluções em TI exclusivamente para gestão de Entidades Fechadas de Previdência Complementar.
  • Aquisição de Mão de Obra: outro fator motivacional relevante para transações de M&A é a aquisição de mão de obra. De acordo com a pesquisa Capital Confidence Barometer da EY, 67% dos executivos consideram a aquisição de mão de obra qualificada como um fator estratégico nos negócios de Fusões e Aquisições. Como exemplo, podemos citar a aquisição da Booz Allen Hamilton (hoje, Strategy&) pela PwC em 2014. Mais de 300 Sócios foram “incorporados” ao negócio.

Em 2018, a EY realizou uma pesquisa global com mais de 2 mil executivos, de 45 diferentes países, sobre suas expectativas em relação ao mercado de M&A. Do total, 90% esperam um volume maior de operações em 2019. A nível local, 88% dos executivos também esperam um volume maior de operações este ano. Para a PwC, em entrevista concedida ao Jornal Valor Econômico em Janeiro, a expectativa é de um crescimento de 15% no volume de transações em 2019.

Dos vários motivadores por trás das transações de M&A, todos têm um ponto em comum: geração de valor através do ganho de sinergias. O objetivo é que, ao final de cada operação, o valor da combinação dos ativos seja maior do que a soma de suas partes. Para isto, é importante fazer uma análise profunda dos targets e contar com bons Assessores durante o processo.

ARTIGO ESCRITO POR THOMAZ FONSECAASSOCIATE DA FC PARTNERS

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