As operações de Leveraged Buyout (LBO), ou, aquisições alavancadas, referem-se à aquisição de parte ou da totalidade de um ativo, como uma empresa, utilizando capital de terceiros (dívida) como parte significativa do valor da transação. As aquisições alavancadas começaram a ser utilizadas nos EUA pelos fundos de private equity (PE) e ganharam destaque nos anos 80, período em que o custo de capital era baixo e permitia que os mesmos assumissem altos riscos para viabilizar algumas aquisições.

O objetivo das aquisições alavancadas é permitir que o investidor possa realizar grandes aquisições no mercado, sem a necessidade de comprometer ou aportar o valor total do negócio. O investidor que optar por adquirir uma empresa via LBO somente precisa comprometer uma pequena parcela do capital total destinado à compra do novo negócio, enquanto a maior parcela é decorrente do uso de dívida (“leveraged”), que será emitida pela própria empresa adquirida. Uma operação de LBO assemelha-se muito a um crédito hipotecário, onde o financiamento é garantido pelo valor do imóvel a ser adquirido, sendo que no LBO a dívida contraída é garantida pelos ativos da empresa adquirida.

Durante os anos 80 e 90, as dívidas podiam compor até 90% da compra de um negócio. No entanto, atualmente os investidores e os fundos de PE estão mais avessos ao risco e, portanto, geralmente optam por operações em que a dívida alcance até 50% de financiamento.

A operação de LBO mais icônica que já ocorreu foi o da RJR Nabisco, grupo americano formado pela fusão das empresas R. J. Reynolds (fabricante de cigarros) e Nabisco (de produtos alimentícios). A RJR Nabisco foi adquirida, numa operação de LBO realizado pelo fundo de PE Kohlberg Kravis Roberts & Co. (KKR) em 1988 por US$ 25 bilhões (US$ 109 por ação). O beta Desalavancado da RJR Nabisco à época era de 0,69 o que significava que o grupo era relativamente insensível às flutuações do mercado, além dos baixos níveis de endividamento, faziam da RJR Nabisco um bom negócio atraente para uma operação de LBO.

A expectativa com as aquisições alavancadas é que o retorno gerado na aquisição compense os juros pagos sobre a dívida, tornando-se assim atrativo experimentar altos retornos enquanto a empresa que executa o LBO apenas arrisca uma pequena quantia de capital próprio.

Considerando que o executor do LBO irá captar uma grande quantidade de dívida, é fundamental que a empresa adquirida seja capaz de pagar suas dívidas futuras. Desta forma, é crucial que a análise do fluxo de caixa, presente e principalmente futura, consiga expor com precisão como serão os próximos anos de operação da adquirida. Existem, portanto, algumas características da adquirida que são de extrema importância de serem analisadas com cautela, sendo:

Assim como destaca o artigo A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA, após uma operação de LBO, é provável que ocorram mudanças da equipe de gestão da adquirida buscando melhorar a operação e predição do fluxo de caixa futuro. A competência da equipe de gestão nesses processos, muitas vezes, é a chave de sucesso para o turnaround desejado. Outras mudanças também podem ocorrer, como a venda de ativos não operacionais, a compra de ativos adicionais para tornar o negócio principal mais eficiente, entre uma variedade de opções diferentes. Todas essas alterações possuem um único objetivo, aumentar a lucratividade do negócio.

Após alguns anos de gestão da empresa adquirida, e caso o fundo tenha êxito na gestão, é provável que ele consiga gerar valor e amortizar boa parte da dívida tomada para se realizar a aquisição. Não apenas reduzindo o grau de endividamento, mas também criando valor ao negócio, o fundo consegue obter excelentes retornos sobre o capital inicialmente investido.

No Brasil, as operações de LBO não obtiveram o mesmo êxito que nos EUA. Apesar do Brasil figurar atualmente como o maior mercado de Private Equity da América Latina, não somente o alto custo de capital brasileiro, mas como também a instabilidade econômica-política inviabilizou operações como estas.

Em épocas de Taxa Selic à 6,50% ao ano, menor patamar dos últimos 10 anos, e das boas expectativas de melhora econômica, as Empresas, Investidores, assim como o setor de Private Equity brasileiro podem finalmente optar por soluções de LBO.

ARTIGO ESCRITO POR HENRIQUE PORTO – SÓCIO DA FC PARTNERS

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