Durante a história moderna foi possível observar dezenas de recessões e depressões econômicas pelo Mundo, de dimensões globais e nacionais. Conceitualmente, economistas classificaram estes cenários conforme o prazo de contração da atividade produtiva, sendo quedas do PIB durante de pelo menos 6 meses chamadas de recessões, e períodos que apresentem quedas mais drásticas e com duração de um ano ou mais como depressão.

O atual cenário da pandemia do COVID-19 e a provável recessão econômica global demanda grande esforço das equipes de planejamento econômico para projetar políticas monetária, fiscal e cambial eficazes para recuperação da atividade econômica.

Observações históricas mostram comportamentos usuais para recuperação econômica através dos formatos das curvas de crescimento do PIB. Os formatos mais observados são as recessões em V, U, W e L. Elas carregam estas alcunhas devido a semelhança gráfica das letras com a recuperação do PIB.

Nas recessões com formato em V, a economia sofre uma dura, porém breve, queda da atividade produtiva, seguida por uma forte recuperação, causadas, normalmente, pela retomada do consumo. As recessões com este formato são as mais vistas nos mercados globais. Um exemplo histórico é a recessão devido à crise de 2008, que provocou uma forte queda da atividade produtiva brasileira no ano de 2008, porém uma retomada para taxas ainda maiores de crescimento nos anos de 2009 e 2010.

Fonte: IBGE

As curvas com formato em U são mais longas, quando a recessão atinge seu pico, a atividade econômica permanece estagnada ou crescendo de maneira tímida por um período maior antes da recuperação. Normalmente, esse tipo de recessão dura de 12 a 24 meses.

A crise brasileira vivenciada entre 2014 e 2017 é um exemplo desse formato de recuperação econômica, evidenciando a queda da atividade de 2014 a 2015, atingindo seu pico no segundo trimestre de 2016 e com uma recuperação gradual, voltando a atingir níveis próximos de crescimento observados em no início de 2014 somente no primeiro trimestre de 2018.

Fonte: IBGE

As curvas com formato em W também são conhecidas como “double-dip recession” ou “recessão de duplo-declive”, pois a economia após queda da atividade produtiva passa por um breve período de crescimento, volta à recessão para, enfim, se recuperar.

Um bom exemplo para esse tipo de comportamento gráfico, é a crise europeia de 2010. Uma combinação de austeridade governamental, queda nos investimentos empresariais, aumento das taxas de juros, fraqueza econômica global, altos preços de energia e gastos fracos dos consumidores após a Grande Recessão de 2008-2009 levou muitos países da Zona Euro a uma segunda recessão em 2010 e 2011.

Fonte: Banco Mundial

As recessões com curvas com formato em L são consideradas as piores e mais dramáticas, caracterizadas por grandes período

s de queda do PIB seguido por um demorado período de baixa atividade econômica. Devido sua longa duração e delonga para retomada do crescimento, este tipo de atividade econômica é caracterizada como depressão.

O Japão em 1990 após decisão de seu banco central, o BoJ, de aumentar a taxas de juros, sofreu grande perda de atividade econômica e forte recessão. O país levou aproximadamente 10 anos para se recuperar desse choque, sendo a década de 90 chamada de “A Década Perdida” pelos economistas japoneses.

Fonte: Banco Mundial

O Brasil em sua história passou por diversas recessões devido a diversos fatores tanto internos quanto externos, como qualquer outra economia mundial. Quando analisada a série histórica do comportamento percentual do PIB no Brasil a partir dos anos 2000, é possível observar todos os formatos de curvas citados acima.

Fonte: IBGE

Em momentos de crises e consequentes recessões ou depressões, como a que observamos atualmente, grandes incertezas desregulam os mercados, e o principal ponto de discussão no campo da economia são as políticas a serem adotadas para a retomada do crescimento. A recuperação em formato de V é sem dúvidas a menos impactante no longo prazo, mas muitas vezes devido a magnitude do choque ou a incapacidade dos agentes econômicos em construir políticas macroeconômicas eficientes, podemos acabar vendo recuperações econômicas mais lentas, como as em formato em U e W, ou até mesmo de longo prazo, como as em formato em L.

No atual cenário, dada as incertezas da recuperação, diversas projeções estão sendo refeitas para o PIB brasileiro em 2020. O Boletim Focus, por exemplo, projeta queda em torno de 3% do PIB para 2020, FMI e Banco Mundial 5% e outros economistas, mais pessimistas e projetaram quedas até maiores. A retomada do crescimento depende da duração da pandemia, do sucesso da contenção do vírus, e na eficiência das políticas macroeconômicas.

ARTIGO ESCRITO POR JACKSON MOL – ASSOCIATE DA FC PARTNERS

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